a Boca de Incendio, numero 1. A numero 2 esta' em preparaçao e sai daqui a um mes. tera' literatura, poesia visual e notas de banco falsas, com design neoclassico a tinta fluorescente. Imagens aqui quando sair.
23 de junho de 2005
posto pelo Alexandre às 09:50 0 comentários
21 de junho de 2005
historia do dia
Estavamos ha' pouco em reuniao aqui no escritorio, quando telefona um tipo que nos deve fazer um orçamento para uns brise-soleils. Ele tinha aqui estado ontem, eu estive-lhe a mostrar o projecto, e no final imprimi umas folhas directamente, porque o rapaz (a primeira coisa que disse foi : "trata-me por tu que devemos ter a mesma idade") nao era "muito practico com o email" e que "preferia fazer à maneira antiga" (i.e. com folhas de papel). Eu ja' tinha achado aquilo um bocado estranho, alguem que supostamente representa uma empresa que nao sabe usar o correio electronico. Mas nao liguei muito (alem disso, este jovem vende os tais brise-soleils em aluminio a imitar madeira (!), por isso o meu interesse tambem nao foi muito grande). Adiante; tinha-lhe dado dois alçados a 1/100 e um corte construtivo a 1/20. Foi assim:
Ele: Hmm, tenho aqui uma duvida: acho que me deste plantas com tamanhos diferentes. Qual é a dimensao que devo usar para fazer o orçamento.
Eu: Deves medir o corte construtivo, nao os alçados.
Ele: mas deste-me aqui um alçado lateral que é maior, e nao sei qual dos dois utilizar para fazer o orçamento. é importante, capisci?
Eu: Que me lembre dei-te tudo bem... espera ai' que confirmo [vou para o computador e abro o ficheiro]. pois, esta' tudo bem aqui.
Ele: Hmmm. mas nao sei de qual dos desenhos é que hei-de medir, a diferença é grande.
Eu: Mas isso foi porque te imprimi os desenhos a escalas diferentes!
Ele: ah, e entao? so se um dos desenhos estiver à escala 1/20
Eu: entao medes o corte!!!!! como ja te tinha dito antes
Ele: ah entao os desenhos tem tamanhos diferentes mas nao a mesma escala, tenho que calcular a medida
Eu: DUHH!! pois, até esta' escrito no desenho!!!
Ele: ah, agradeço-te muito.
Depois contei ao chefe e ele saiu-se com esta pérola:
A dificuldade da arquitectura esta' em explicar a estas pessoas que nem sabem ler como se constroem as coisas. Estes matarruanos estavam antes com as vacas e agora lembrararam-se de abrir uma empresa de construçao.
!
infelizmente, tambem é assim em Portugal, ou nao?
posto pelo Alexandre às 15:38 2 comentários
20 de junho de 2005
posto pelo Alexandre às 10:11 0 comentários
15 de junho de 2005
mais definiçoes de arquitectura
Tiago, esta imagem em baixo encaixa que nem uma luva para o teu ultimo post. A cupula so' podia ter sido feita por um arquitecto; nao um tecnico (que so' sabe como construir abobadas) nem um artista (que as deixa cair na cabeça das pessoas, como o Chillida). O facto de algumas obras terem uma forte expressao arquitectonica (como as obras do dito Chillida) nao as converte em arquitectura. Esta cupula é uma refinada demonstraçao de como o arquitecto é um técnico-artista, e nao so' no sentido de saber como a manter de pé, mas tambem de como a desenhar com a forma de um hexagono que se converte em circulo - e por sua vez isto torna-a 'artistica'.
posto pelo Alexandre às 19:19 2 comentários
13 de junho de 2005
cupula hexagonal
numa obscura aldeia a Norte de Roma, chamada Fumone, esta' uma igreja decrépita que dentro tem esta maravilha geométrica - um hexa'gono que se transforma em circulo e constroi uma cupula. Sem frescos nem anjinhos nem mariquices dessas - pura expressao arquitectonica. Grande.
posto pelo Alexandre às 15:02 0 comentários
10 de junho de 2005
até segunda
mais um fim de semana. Fazer a Boca de Incendio, pensar em autocolantes para bombardear a cidade, marcar encontros galantes no chiostro del Bramante e ir comer sardinhas (ha' mesmo gente que se deu ao trabalho de trazer sardinhas - sardinhas! - de Portugal). Esplendido.
posto pelo Alexandre às 18:41 0 comentários
8 de junho de 2005
novidades
Depois de uma lauta bacalhoada por terras romanas, regada com um maravilhoso e extrapotente vinho portugues, ontem à noite aprendi finalmente a por links nesta porcaria. Grande! Grande vergonha, porque era de caras, mas pronto, aqui estao para o divertimento geral. (so' faltam os acentos)
posto pelo Alexandre às 18:41 1 comentários
7 de junho de 2005
o debate de ha’ dois meses
Mais ou menos nessa altura, fui com a então inseparável namorada jantar a Trastevere. Como o nosso Corrado estava fechado, fomos a outro tasco nas redondezas. [nota: a trattoria da Corrado é um dos sítios mais genuínos e baratos para comer em Roma, no meio do mar de restaurantes foleiros para a turistada em Trastevere; só há três pratos: amatriciana (massa com tomate, bacon e queijo de ovelha e que tem que se comer com um guardanapo a proteger toda a parte frontal do corpo), spezzatino (estufado de carne com pimentos) e frango com queijo].
Estávamo-nos a deliciar com umas bolinhas de mozzarella fritas, quando começámos a discutir forte e feio sobre as Universidades públicas e privadas. Dizia eu (mal adivinhando a indigestão que me iria provocar) que era uma tristeza que em Portugal as universidades públicas sejam em geral as melhores, tendo como referência, claro, a nossa de arquitectura. A isto ela contrapôs que não, que isso é que estava bem porque assim toda a gente tem acesso a um ensino de qualidade, e que isso era um sinal de avanço do país.
Ora, aquilo que eu queria dizer (e que na altura não soube explicar, porque acabámos os dois aos gritos no restaurante – depois saímos e uns beijinhos resolveram a questão) é que o problema não é as públicas serem melhores, mas sim as privadas serem tão más, e funcionarem regra geral como solução de recurso para aqueles que não entram para a pública. Isto diz muito da cultura empreendedora do nosso país – que é zero ou quase. Não há (e falo de arquitectura, mas certamente isto aplica-se a tantos cursos) uma Universidade que queira ganhar dinheiro através da excelência e preparação para o mundo do trabalho. Em Roma, quem tem dinheiro põe os filhos a estudar na LUISS, uma privada, em que quem acaba recebe imediatamente propostas de trabalho em empresas. O mesmo na LSE em Londres. Claro está que não têm arquitectura, mas não se perderia nada se o nosso curso funcionasse um pouco mais como economia. Quanto a mim a FAUP podia ser perfeitamente uma escola privada, porque, mesmo disfarçadamente, tem uma orientação estética e ideológica fortes e uma preparação de excelência - apesar de carcomida pelas dezenas de tachos que se acumulam no sector docente. Estes, num regime privado em que tem que se ganhar dinheiro, seriam substituídos por quadros competentes...
E agora a questão central – mas e então assim quem não tem dinheiro não pode usufruir desse ensino de qualidade – quanto a mim é para isso que serve o Estado (vd post anterior), precisamente para garantir que tem tenha estudado mas não tenha culpa de ter pais remediados, possa estudar numa privada. Ao mesmo tempo, o Estado gasta menos recursos com as Universidades, e pode dar bolsas decentes a quem precisa. E se há muita gente que precisa de um bolsa decente, mais ainda o nosso pobre Estado precisa de gastar menos recursos.
posto pelo Alexandre às 14:55 7 comentários
3 de junho de 2005
vantagens da regionalizaçao: eleiçoes em Roma 2 e 3
traduçao: BAIXAMOS OS PREçOS, NAO AS CUECAS! ATé ESSAS NOS TIRARAM! CONSUMIDORES VOTEM POR VOCES PROPRIOS!
este elegante e refinado politico morava no andar de cima do prédio da minha ex namorada.
posto pelo Alexandre às 15:48 0 comentários
ei-lo aqui. Agora que a data ja' passou ha' uns meses, nao ha' grande problema em lhe fazer publicidade!
Por aqui é assim: os partidos de direita elegem um enorme numero de atrasados mentais para a regiao, e logo tem cartazes muito mais fixes. Os de esquerda sao uma seca, so' acusaçoes e insultos, sem personagens comicos. (excepçao feita aos de extrema-direita, que sao uma seca igual com frases em latim do género Roma nao morre se os Romanos nao morrerem. Bahhh!)
posto pelo Alexandre às 15:44 0 comentários
o debate de quarta à noite
Mais uma vez, eu e a minha inseparável amiga Luísa (nome fictício) tivemos uma discussão sanguinária enquanto toda a casa queria jantar harmoniosamente. Referia-se a discussão à medida da moda, a de aumentar os impostos, em relação à qual somos os dois contra.
L – há uns tempos tive que ir ao oftalmologista no hospital (público). Esperei dois meses por uma consulta. Quando lá cheguei, tinham marcado todas as pessoas para a mesma hora, logo quem não era da terra (
A – Claro...
L – Claro nada!!! Já que pagamos tantos impostos temos é que ter serviços públicos decentes!!!
A – Então não devias ser contra o aumento dos impostos! Eu preferia que isso não fosse feito pelo Estado, e assim houvessem menos impostos!
L – Isso é uma posição derrotista! Não eras tu que querias que fosse para lá o PS para afundar de vez com o país?!?! Agora tens o que querias!!!
A – Sim, porque o que é preciso em
L – Isso é uma estupidez e nunca vai acontecer!!! É POR CAUSA DE PESSOAS
A – SE MAIS PESSOAS PENSASSEM
L – MAS QUEM GANHA O SALÁRIO MÍNIMO NEM SEQUER PODE PENSAR NISSO!!!
A – ISSO É UMA POSIÇÃO DEMAGÓGICA!!! NÃO
L – OLHA VAI À MERDA!!!!
...............
Ok, a nossa relação de amizade até é bastante saudável, já que hoje, dia da Républica em Itália, estamos os dois no Chiostro del Bramante a tomar café. Eu escrevo (e publicarei isto amanhã, dia 3, quando fôr trabalhar) e ela estuda pelo Kenneth Frampton, que ainda não é tão verborreico e novilinguista quanto o saudoso Mendes, mas lá se aproxima.
Fora os insultos, o tema é: ou queremos ter melhores serviços pelos impostos que pagamos, ou queremos pagar menos impostos e usar o dinheiro que sobra para pagar aos privados. Quanto a mim, a primeira hipótese é cada vez menos sustentável; em Itália, que funciona mais ou menos
É óbvio que não podemos pedir que um político ganhe eleições com a promessa de acabar com a mama pública, mas que se podia começar, pragmaticamente, por algum lado, isso podia e até já esteve para acontecer. A privatização de um canal da RTP, da CGD, e a lei das rendas eram tudo medidas inteligentes que tragicamente não foram para a frente. Mas mais vale tarde...
posto pelo Alexandre às 15:03 1 comentários
para que serve o Estado
Este sábado, por vários motivos relacionados com visitas de amigas mais ou menos liberais (politicamente!), acabei por ficar em casa no Sábado à noite. Isto teve duas vantagens: não só pude descansar dos dois últimos fins de semana sem dormir,
1.
2.
3.
[pode-se tambem invocar um argumento liberal, que é o de que o facto de uma pessoa poder ir às meninas ou mandar o caldinho livremente contribui para a degradação da sociedade, e assim vai afectar terceiros que nada têm a ver com isso]
Este último ponto também se aplica no caso dos países nórdicos, em que não só o Estado encaixa mais de metade da produção dos cidadãos, como comete o erro de lhes dar tudo o que eles precisam e querem, tirando-lhes assim qualquer hipótese de satisfação pessoal com o facto de se esforçarem para atingir um objectivo.
Nada mais me ocorre. Hospitais, escolas, televisões, arquitectos, podem ser todos privados que não vem mal nenhum ao Mundo. Antes pelo contrário, e só assim o Estado se pode livrar dos pesos mortos que consomem a riqueza produzida pelos cidadãos e cumprir as suas (poucas e importantíssimas) funções
posto pelo Alexandre às 09:38 0 comentários
1 de junho de 2005
esta' tudo louco
E esta' tudo dito, aqui, aqui e aqui. Por isso,
A soluçao para este buraco chamado Portugal nao é aumentar os impostos para alimentar a mediocridade dos serviços estatais, mas sim descartar tantos dos ultimos quanto possivel para baixar os primeiros e assim permitir a fixaçao de empresas e o crescimento econo'mico.
E nao ha' apelos patrioticos del cazzo que o valham.
Por aqui é igual ou pior. Todos os meses ha' greves de transportes publicos e toda a gente fica com um dia estragado em que perdeu tempo de trabalho porque tudo depende do estado e o estado nao despede os seus trabalhadores, nao diferencia o mérito individual e esta'-se nas tintas para a optimizaçao de recursos. Tal e qual como em Portugal, mas aqui temos o Norte a sério, com empresas a sério que exportam bens de luxo e que ainda vao aguentando a coisa (e nao estou a falar da FIAT, que essa sim é mais um claomoroso caso de empresa privada mantida pelos dinheiros publicos, uma perversao perfeitamente possivel por aqui).
posto pelo Alexandre às 09:39 0 comentários